quarta-feira, 9 de março de 2011

“Inferno de Dante”


“Inferno de Dante”

O fantástico livro “Divina Comédia”, do poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321), leva-nos a percorrer, alegoricamente, os caminhos do Inferno, do Purgatório e do Paraíso – estas duas partes finais têm uma visão mais lírica da condição humana. É na primeira parte, no entanto, a do Inferno, que o poeta nos faz conhecer os mais altos níveis da sordidez humana e da angústia de suas paixões.

Estou trazendo essa referência porque andar pelo centro da nossa cidade, em horário comercial, transformou-se em obrigação torturante. São dezenas de estabelecimentos comerciais tentando “capturar” clientes através de decibéis que vão além dos limites propostos pela OMS. Caixas de alto-falantes com músicas ininteligíveis (sim, porque a loja ao lado também tem esse equipamento sonoro, cada qual querendo ser mais ouvido que o outro), com anúncios de ofertas ou pessoas fantasiadas abordando os transeuntes. Além disso tudo, temos os carros ou motos anunciando freneticamente nas ruas, disputando a atenção dos prováveis (eu diria impossíveis) consumidores com as buzinas berrantes e motores barulhentos dos carros e ônibus.

Eu me solidarizo com os comerciários e comerciarias, que são obrigados a se submeterem a esse infernal cenário durante todas as horas de sua jornada. E ainda manterem um sorriso especial em seus rostos cansados e ouvidos maltratados. A nós, consumidores insatisfeitos, porém, restam opções: buscar outras paragens, outros cenários menos caóticos, em que se reconheça um pouco do Purgatório ou do Paraíso, na delícia de admirar vitrines e, por que não, entrar no silêncio da loja e fartar-se.

Afinal, como já disse outro poeta, agora o contemporâneo Mario Quintana, “E hoje o que mais se precisa é de silêncios que interrompam o ruído”.

Um comentário:

  1. concordo plenamente com você.E a avenida Brasil então, este barulho atordoante. poluição sonora , o silêncio para mim só de madrugada.bjus

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